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Paranapiacaba, uma viagem ao passado

Depois de muita pesquisa decidimos que iríamos passar o ano novo em Paranapiacaba. A escolha foi um pouco difícil, pois estávamos com pouca grana e desta vez também sem carro. Mas quem foi que disse que isso é motivo para não viajar?! Partindo deste princípio pesquisamos um lugar que não fosse muito longe e que fosse possível ir de ônibus ou de trem e ainda assim conseguíssemos conhecer muitos pontos turísticos sem depender de condução própria. Este lugar é Paranapiacaba-SP, uma vila criada pelos Ingleses no Séc. XIX durante a construção da via férrea até o porto de Santos.

Pegamos um ônibus em São José dos Campos no dia 30/12/2011 por volta das 14:20hrs com destino a Santo André, o custo da passagem foi de R$26,41. A viagem foi um pouco cansativa porque passamos por várias cidades e chegamos no Terminal Rodoviário Pref. Saladino em Santo André às 17:40 hrs. Tivemos que esperar durante 25min. até chegar o ônibus da linha 040 com destino à Paranapiacaba, custo da passagem R$4,35. Depois de mais 1 hora e 20 min. de viagem num micro-ônibus tocando um sertanejão bem raiz, chegamos à Vila de Parapiacaba exatamente às 19:50 hrs.

A neblina tomava conta das ruas estreitas e sinuosas da vila, mas mesmo assim era possível ver a ferrovia e as casinhas de madeira, tudo muito antigo, rústico e padronizado, o que nos deu a impressão de ter voltado ao passado. Andamos um pouco, paramos num bar e um senhor, vestido bem a caráter, com grandes anéis nos dedos e óculos arredondados, veio nos receber. Ele assim, como a vila, também parecia ser de outra época.

Pedimos informação ao dono do bar e após alguma conversa ele nos indicou uma hospedagem na rua Fox, chegando lá a dona nos informou que ela tinha acabado de alugar o quarto para uma mulher, porém a irmã dela tinha um quarto que costumava alugar para turistas, assim conseguimos um quarto vago para dormir aquela noite, já que nossos planos eram de no dia seguinte conhecer algumas cachoeiras e no fim do dia ir para o camping Simplão de Tudo onde passaríamos a virada. A hospedagem nos custou R$30,00 por pessoa (é claro que demos uma choradinha para chegar a esse preço).

Tomamos aquele banho, jantamos e saímos para conhecer a cidade. As ruas estavam tomadas por uma forte neblina que juntamente com as casas e galpões antigos de madeira davam um aspecto sombrio pro momento, nos sentimos em um filme de terror do tipo Zé do Caixão (depois descobrimos que realmente um dos seus filmes foi gravado lá).

Andamos por algumas ruas meio desertas e tiramos umas fotos, em seguida voltamos ao bar que parecia ser o único aberto naquela hora, novamente fomos recepcionados por aquele senhor, que também era músico e naquela noite tocou algumas canções (antigas é claro tudo em harmonia com o cenário), nos acomodamos, bebemos um pouco e rimos bastante da situação, até ali tudo parecia estar dando certo. Mais tarde voltamos para o nosso quarto alugado naquela casinha antiga de madeira, mas muito aconchegante e fomos dormir.

No dia seguinte 31/12/2011 acordamos lá pelas 8:30hrs arrumamos nossas coisas, saímos para tomar um café e decidir o que iríamos fazer, sabíamos que em Paranapiacaba existem varias cachoeiras e trilhas, então após tomar café no Bar da Zilda fomos atrás de um guia. Bem em frente ao bar existe um posto de informações turísticas (na fachada está escrito posto médico..rs) e foi lá que conhecemos o guia Léo. Ele nos falou das opções que tínhamos para aquele dia e nós decidimos fazer a trilha da Cachoeira da Fumaça, também nos explicou que para chegar à cachoeira passaríamos por uma trilha com áreas alagadas, muita lama e teríamos que atravessar por dentro de um pequeno rio e foi exatamente pelas características que optamos fazer esta trilha. Naquele momento uma turista se aproximou para pedir informações, conversa vai conversa vem, ela acabou aceitando fazer o passeio conosco, já que estava viajando sozinha. O passeio custou R$25,00 por pessoa.

Partimos em direção a Cachoeira da Fumaça ás 11:30hrs. Pegamos um circular que custou R$2,80 e após alguns minutos chegamos ao inicio da trilha onde nos deparamos com uma situação muito deselegante; algumas garrafas pet, lixo e até mesmo roupas e calçados que foram deixados no local. Na torre da rede elétrica existem vários tênis pendurados o que, segundo o guia nos contou, resultou no lamentável apelido de “Vale dos Tênis”. É triste, mas infelizmente alguns “turistas” não tem o menor senso do significado de Turismo Sustentável, e são exatamente essas pessoas que mais reclamam quando o local deixa de ser aberto ao publico e a visita passa a ser tarifada.

Mas, voltando à parte boa da historia… mal começamos a trilha e já tivemos que meter o pé na lama! Passamos por mata fechada, mata aberta, trechos estreitos e como já foi dito, muita mais muita lama e neblina.

A primeira parada foi na Prainha, um pequeno lago com água limpa e esverdiada margeado por um banco de areia fina que nos convidou para um primeiro banho, fizemos um lanchinho e seguimos viagem.

Apartir desse trecho a trilha seguia pela água em meio a muita neblina. Mais alguns minutos e chegamos na Cachoeira do Meio, com mais ou menos uns três metros em meio a muitas pedras onde foi possível entrar enbaixo da queda d’água e renovar a energia para seguir em frente. Então continuamos caminhando até um mirante e o guia nos descreveu o que era possível avistar dali, mas ficamos só na imaginação pois infelizmente por causa do mal tempo só vimos a neblina mesmo. Sem demora seguimos adiante, atravessamos o rio varias vezes, havia muita neblina e em alguns momentos chovia, o que para muitos pode parecer trágico, mas para nós que vivenciamos essa situação inusitada isso não atrapalhou em nada, é difícil de explicar, mas estava tudo perfeito, a chuva, a neblina as cachoeiras enfim, tudo estava combinando harmoniosamente bem.

Então finalmente chegamos à Cachoeira da Fumaça, um lugar muito bonito com uma enorme queda d’água, paramos para descansar e conversar um pouco, Léo o nosso guia como sempre muito prestativo nos contou algumas histórias sobre Paranapiacaba, batemos um papo e durante a conversa descobrimos que a moça que nos acompanhou na trilha era a mesma que havia alugado o quarto que o dono do bar tinha nos indicado na noite anterior (muito legal quando acontecem essas coincidências rs).

Na volta ainda passamos por mais uma cachoeira, a Cachoeira do Ofurô, suas águas cristalinas proporcionam uma deliciosa hidromassagem natural, é claro que nós não resistimos. O retorno foi rápido e tranquilo, como de costume já fizemos tudo que queríamos na ida para que pudéssemos apertar um pouco mais o passo na volta.

De volta ao inicio da trilha seguimos até o ponto onde pegamos o ônibus para a vila de Paranapiacaba chegando lá as 17:30hrs. Estávamos famintos e molhados.

De repente a chuva começou a ficar mais forte e o nosso guia e agora amigo Léo, nos levou ao restaurante onde ele havia pedido para guardar nossas mochilas para que pudéssemos fazer a trilha sem peso extra. Lá almoçamos e fizemos amizade com Beto e a Vera, um casal muito simpático que nos recebeu super bem em seu restaurante. Neste momento nos deparamos com um dilema: seguir para o camping Simplão de Tudo ou encontrar um lugar para nos hospedar na vila. Estava ficando tarde, e chovia muito, não dava para ir até o camping a pé porque iria molhar nossas coisas, por isso teríamos que encontrar alguém que nos levasse de carro. Beto o dono do restaurante entrou em contato com outros moradores que pudessem nos ajudar, até que encontrou uma amiga que topou nos levar. Em alguns minutos ela chegou no restaurante com a triste noticia de que havia repensado e por causa das as condições do tempo e da estrada, não ia mais nos levar. Mas ela não nos deixou na mão e disse que nós poderíamos acampar em seu quintal, foi isso que fizemos naquela noite.

Depois de montar as barracas enbaixo de chuva, tomamos um banho e como ainda era 8:30hrs descansamos um pouco até a hora da virada, por volta de 23:40hrs, ainda de baixo de chuva, fomos ao mesmo barzinho, onde o mesmo tiozinho estava tocando as mesmas canções, desta vez o bar estava mais cheio e como o ambiente estava muito agradável lá ficamos até umas 2:00 da madruga “do ano seguinte rs”.

No dia seguinte acordamos as 8:30hrs, arrumamos nossas coisas e como o tempo estava para chuva decidimos que voltaríamos para casa, mas antes demos uma ultima volta pela vila e tiramos mais algumas fotos. Tentamos encontrar um lugar onde poderíamos chegar mais perto da torre do relógio (quase uma replica do big ben de Londres) e acabamos encontrando mais vagões de trens também muito antigos e enferrujados, entre eles a Maria Fumaça mais antiga do Brasil.

Demos uma passada no Museu Castelinho que infelizmente estava fechado então decidimos que era chegada a hora de partir, caminhamos até o ponto e iniciamos nossa jornada de volta para casa. Com a certeza de que essa viagem valeu a pena e a promessa de que um dia voltaremos, pois ainda há muito o que conhecer em Paranapiacaba.

Uma coisa que gostaríamos de deixar bem claro é que, antes da viagem pesquisamos sobre a vila e encontramos diversos relatos sobre assaltos a turistas em Paranapiacaba e ficamos um pouco com o pé atrás, mesmo assim decidimos ir e o que vimos na realidade foi um lugar muito tranqüilo e organizado, segundo o guia que nos acompanhou, estes casos de assaltos ocorriam sim, mas no passado, hoje como existe um controle maior de turismo e sendo que é obrigatório o acompanhamento de um guia local, a muito tempo não se ouve falar nisso.
Vale lembrar é claro que a vila é um ponto turístico e vem pessoas de todo lugar e não se sabe da intenção de cada um, por isso não é bom abusar.

Como para nós foi tudo tranqüilo, não temos o que reclamar de Paranapiacaba, apenas temos que agradecer aos moradores que nos receberam muito bem e nos ajudaram muito.

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